
O Fred padece de uma maldição parecida com a do JB: as características dele que são amadas por muitos são exatamente as características que os outros detestam - embora sejam captadores totalmente diferentes.
Instalado na minha Teleblaster #2 (com corpo de cedro, braço de marfim, escala de ipê, ponte Kahler e cordas 0.11), o Fred confirmou tudo o que se dizia sobre ele: ganho igual ao do PAF Pro, agudos cortantes e um som cheio de harmônicos e geração fácil e controlável de feedback. Não consegui extrair dele timbres massacrantes de bases com aquela mordida tipo Metallica – os graves e médio-graves dele são contidos e difusos demais pra isso. É muito estranho, mas é como se ele não gerasse consistência na montagem de bicordes massacrantes. Portanto o Fred não é um captador que eu indicaria para sua banda cover do Black Sabbath.
Vamos às particularidades que eu gostei: você ouve os médios desse captador facilmente - não por serem exagerados, mas por serem muito consistentes. Não sei bem como explicar isso, mas é como se os médios dele fossem “sólidos” no meio do som. Achei isso muito legal. Os agudos são cortantes, mas não são exatamente estridentes. Essas duas faixas de freqüência do Fred são justamente o que poderiam te ajudar a ser ouvido no meio de uma banda barulhenta. E se você for o único guitarrista da banda, tenha certeza que essas freqüências vão estar bem preenchidas. Como os médios são firmes e os agudos atravessam uma banda feito uma flecha, tenha certeza de que o Fred valoriza muito técnicas de ligaduras loucas no estilo de Alan Holdsworth.
Tentei timbrar o captador para estilos amenos como Rolling Stones. O som ficou interessante, mas acho que é um pouco complicado fazer isso com o Fred por ser um captador de saída alta demais para sons de blues-rock. Mas verdade seja dita: ele responde muito bem às dinâmicas de palhetada e alterações no botão de volume.
Me bateu uma tremenda vontade de testar o Fred numa boa Les Paul, mas não pude fazer isso até hoje. Talvez assim os graves ficassem um pouco mais esponjosos e os agudos ficassem mais contidos.
O fato é que equipe da Dimarzio atirou no que viu e acertou no que não viu: tentou injetar médios num captador e acabou gerando um monstrinho que recomendo enfaticamente para um guitarrista de estilo fusion que abuse de legatos e não tenha interesse por power chords esmagadores. Fred foi é fruto de um erro q deu muito certo.
Não é à toa que Joe usou e abusou desse captador por tantos anos, pois o Fred se encaixa perfeitamente ao estilo do careca da Ibanez cromada.
- Preferi usá-lo para: fusion, fusion, fusion!!!
- O que me passa pela cabeça quando lembro dos timbres que ouvi: percebi o quanto Joe deve ter ficado feliz por ter encontrado um captador que valorizasse tanto o estilo dele.