O captador da
guitarra é um transdutor. Transdutor é um aparelho que transforma um tipo de
energia em outro tipo de energia. Tentando explicar de forma simples: o
captador “sente” a energia mecânica do movimento das cordas e a transforma em
corrente elétrica alternada. Resumindo: seu captador é um motor ao contrário.
Essa corrente
elétrica alternada que sai da sua guitarra tem uma intensidade muito baixa (por
isso precisa ser amplificada) e pode ter sua intensidade e forma controladas de
várias maneiras. A mais primária está ainda na sua guitarra: os controles de
volume e tonalidade. Esse controle é feito por potenciômetros que comandam um
circuito passivo. O potenciômetro é um resistor variável. Circuito passivo é
aquele em que se controla e molda a intensidade e forma do sinal apenas
retirando elementos, nunca adicionando. Adicionar elementos a um sinal é papel
de um circuito ativo. Na sua guitarra, os pots apenas retiram coisas,
jogando-as pro aterramento e eliminando-as. Ele pode jogar o sinal inteiro (diminuindo
o ganho e volume, que é o papel do pot de volume) ou usar um pequeno capacitor
que filtra somente uma parte das frequências (é aí que entra o seu botão de
tone).
Os pots possuem 3
pólos (vamos chamá-los de 1, 2 e 3). Quando totalmente aberto, um pot de 500K
tem resistência zero entre o pólo central (2) e o pólo 1, enquanto apresenta
uma resistência de 500K entre o pólo central e o 3. Portanto, o quando seu
botão de volume está no máximo, o sinal da sua guitarra tem passagem 100% livre
pra fora, mas ao mesmo tempo tem um vazamento de sinal pro terra enfrentando
uma resistência de 500K.
Sua guitarra é uma
caixa d’água. Os pots são as torneiras, mas essa torneira tem um “defeito”, um
furinho embaixo dela em que a água também é desperdiçada. Quanto maior for a
resistência do pot, menor é o desperdício de água da caixa d’água.
Há 3 coisas que os
músicos devem observar ao comprar potenciômetros pra sua guitarra:
1- Valor: já
expliquei acima. Se você usar pots de valor mais alto no volume, mais ganho sua
guitarra terá. Se usar pots de valor mais alto no tone, mais brilho sua
guitarra terá. Raciocine assim: quanto maior, mais. Quanto menor, menos. Por
isso usamos pots de 250K (e não 500K) em botões de tone de guitarras ou
captadores muito agudos. A diferença é sutil, mas existe;
2- Tipo: há vários
tipos de pot. Os mais populares são os tipos A (logarítimico) e B (linear). O
tipo de pot determina a quantidade de resistência que o pot aplica ou retira de
acordo com o giro do botão. Explicando:
2.1 - no pot de
500K tipo B (linear), a variação da resistência é progressiva e gradual. Quando
o seu botão está no 5, a resistência é de 250K. Portanto, no gráfico, o pot
linear indica uma reta e X = Y. O pot linear é usado em botões de volume. Se você
usá-lo em botões de tone, entre o 10 e o 2 você não vai perceber mudança
alguma. Do 2 pro zero o seu agudo cai de uma vez. É uma droga...
2.2- no botão de
tone você precisa usar o pot tipo A pois no tone nós vamos lidar com
capacitância e ela não é linear. O pot tipo A tem um corte abrupto no começo do
curso e isso é necessário pra trabalhar com o capacitor de tone. Você pode usar
o tipo A no volume, mas vai haver um corte abrupto entre o 10 e o 7. Entre o 7
e o zero vai haver pouca diferença. Há como contornar esse problema usando
resistores, mas isso é outro assunto.
3- Qualidade do
pot: a única coisa que varia entre os Noble, CTS e aquele vendido em qualquer
esquina é somente a durabilidade. Pot é a tudo mesma coisa: ela apenas varia
uma resistência e não existe resistência boa ou ruim.
Obs. 1: existe a
questão da tolerância de valores, e você pode aprender sobre isso num textinho
q eu escrevi aqui: http://blogdoluthier.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html
Obs. 2: No seu equipamento há
outro transdutor. Eu dou um pirulito pra quem me disser qual é.