terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Dimarzio Tone Zone (DP 155)


Muitos captadores que eu conheço foram criados com a proposta de timbrar delicados e detalhados – pra mim o Duncan Seth Lover e a linha Area da Dimarzio são exemplos disso. Eles foram feitos para guitarras equilibradas. Qualquer excesso ou falta de freqüências oferecidas pela guitarra fica claramente evidenciada no resultado final do timbre.

Há um outro tipo de captadores: os casca-grossa. O Tone Zone é um deles. Um verdadeiro brutamontes. Não há nada delicado nele. Ele tem muita saída, muitos graves, muitos médio-graves e muitos médios. Isso não significa que ele seja um captador sem brilho. O fato é que a Dimarzio ofereceu esse captador para guitarristas que tenham instrumentos com excesso de brilho. Ora, imagine uma guitarra com corpo de maple ou qualquer outra madeira vidrenta. Agora imagine um braço de maple ou marfim e com escala de maple, marfim ou ébano. Agora o golpe fatal: imagine que essa guitarra tem uma Floyd Rose. Amigo, você vai ter aí um monstro tão cheio de agudos e com um ataque tão cortante que provavelmente seus pobres ouvidinhos vão pedir clemência.

Eu já instalei alguns TZ em Ibanez RG de clientes e tive resultados muito bons. Algumas delas eram guitarras muito cortantes e o TZ ajuda a arredondar os agudos por meio de uma injeção de anabolizantes de freqüências médias pra baixo. As cordas graves soam bem gordas e as notas mais agudas não ficam doendo nos seus ouvidos. Power chords na região média da guitarra – como o batido riff de Smoke on the Water – ficam tão parrudos e com uma autoridade tão grande que você fica se perguntando de onde saíram esses médios todos. É como um cachorro bulldog: você fica se perguntando como uma porcaria daquele tamanho consegue ser tão marrento e impor tanta autoridade.

De todos os captadores que eu já testei até hoje o TZ é o que melhor timbra com ligações alternativas. Ele timbra engraçado no modo single – um tipo de caricatura interessante de um single verdadeiro – e é ótimo no modo em paralelo. Nessa ligação ele perde um pouco de ganho e adquire um brilho bem legal. Ou seja: fica ótimo para momentos em que você não quer tanta infrmação de freqüências baixas e nem o ganho enorme do modo em série. Eu cheguei a instalar o meu TZ na minha Horizon, mas os resultados não foram legais pq o corpo dela é de swamp ash, que já não tem lá muito brilho. Mas ficou melhor no modo em paralelo.

Uma característica bem legal do TZ é que você vai recorrer menos ao captador do braço para palhetadas malmsteeneanas na região aguda da guitarra. Ele define bem as palhetadas velozes sem engasgar os agudos como a maioria dos captadores de ponte fazem.

Nada impede que você o coloque em guitarras de projeto Gibson, mas saiba que vai haver pobreza nas freqüências altas. Se você quer muito ganho, se a sua guitarra timbra muito rachadiça e recuar o botão de tone não está te satisfazendo, tente o TZ. É numa guitarra dessas que ele cabe perfeitamente. Esse captador é bom demais.


- Preferi usá-lo para: domar guitarras excessivamente agudas, riffs bem gordos e abusados, bem como palhetadas velozes em apelar para o captador do braço.
- O que me passa pela cabeça quando lembro dos timbres que ouvi: que o bom de ser guitarrista é que ser marrento e abusado são características louváveis.