Esse foi um dos primeiros bons captadores que eu tive na minha vida - e tocar com ele me traz lembranças muito legais de quando eu estava batendo cabeça com minhas primeiras experiências com eletrônica de guitarra.
O visual do captador é muito legal: ao invés de 12 pólos, ele tem 24 lâminas paralelas. Portanto, você tem 4 lâminas “cercando” cada corda ao invés de dois pólos jogando atração magnética diretamente sobre ela. A Duncan afirma que a disposição dessas lâminas faz com o a corda vibre de maneira mais natural e que a captação do som aconteça de maneira mais detalhada. O resultado disso, segundo o fabricante, é um sustain maior e um timbre único, descrito no catálogo como “hi-fi”.
Averigüar o sustain de um captador é coisa complicada pra mim, pois sempre toco muito alto, com drive e com pouco ou nenhum noise gate – coisas que sempre aumentam o sustain. Então não tenho como avaliar precisamente se um captador favorece a sustentação das notas – exceto em casos em que o captador mata demais o sustain, como o Invader.
Por favor, não estou nem um pouco interessado na velha e chata polêmica do “Dimarzio timbra artificial e Duncan é mais vintage”. Isso não vem ao caso e não leva a nada. O fato é que, sim, a maioria dos captadores da Duncan soam um pouco mais “orgânicos” e a maioria dos Dimarzio são um pouco artificiais, mas o fato é que Steve Blucher e Larry Dimarzio focam seus esforços em oferecer um determinado tipo de som, enquanto Seymour Duncan e sua equipe têm produtos claramente inspirados nos Gibson, portanto perseguem outra timbragem. Veja que enquanto a Dimarzio oferece ótimas reedições dos antigos PAF e grandes singles vintage, a Seymour também oferece captadores de som mais moderno – como nosso amigo PATB aqui – o que pelo menos diminui com a polêmica acima descrita.
Mas como o que mais me importa é o timbre, saiba que o PATB me faz uma criança feliz. Ele é um Duncan que não persegue um som baseado em coisas vintage: nada de “organicidade” aqui. O foco desse captador é um som realmente um pouco sintético, com médios discretos e um timbre que, assim como o Fred (olha o som Dimarzio aí...), articula as notas de maneira diferente à medida em que você injeta ganho no som e é aí que está uma grande característica do PATB: ele foi um captador orientado para sons de alto ganho e os metaleiros o adoram (Kiko Loureiro usa o captador, assim como Richard Patrick, do Filter), mas ao contrário da maioria dos captadores orientados para metal, o PATB não soa murcho com níveis modestos de ganho. Pelo contrário. Ele soa muito consistente se você resolver usá-lo na sua banda de pop-rock. Enquanto o Fred fica cada vez mais pontiagudo à medida em que se aumenta o ganho, o PATB fica mais tangível, os feedbacks são controláveis, a distorção se torna cada vez mais agradável aos meus ouvidos e o sustain fica mais doce e cantante. Ele nunca vai soar pontiagudo, power chords violentos soam extremamente consistentes e você vai dar risada quando tocar riffs do Sabbath – os bicordes sinistros do mestre Iommy tocados com o PATB soam como se a tônica e a quinta fossem um só bloco sonoro sólido feito um tijolo.
Se você toca com afinações graves e/ou dropadas, vai adorar o PATB, pois seus médios mais sequinhos fazem a festa de quem desce o mizão e ajuda seu som a ter uma distorção agressiva e sem ser podre.
Não é todo dia que a gente encontra um captador com tantas qualidades e que soa tão bem em tantas situações timbrísticas. Minha única reclamação é, na verdade, uma solicitação: seria ótimo que o conceito de lâminas paralelas e timbre único fosse expandido a captadores de ponte para guitarras de ponte fixa – lembre-se de que o PATB é feito para guitarras com ponte Floyd, com espaçamento maior. Se você colocar um deles numa Les Paul você terá problemas de captação nas cordas mi. É uma pena. Esse timbre ia arrasar numa Les Paul. Se você usa guitarras com Floyd e quer detonar, vá pelo seu amigo aqui: o PATB é um captador muito especial.
- Preferi usá-lo para: riffs de metal industrial ou qualquer outra coisa que não precise de timbres "orgânicos", bem como afinações graves e/ou dropadas.
- O que me passa pela cabeça quando lembro dos timbres que ouvi: que "organicidade" não faz falta quando você quer devastar o planeta com um grande timbre.